terça-feira, 25 de março de 2014

Como transportar uma moto - dicas - 1a. parte

Quando se pensa em transporte de moto, sobretudo por longas distâncias, a primeira coisa que se pensa é ONDE transportá-la, sendo a segunda, como a mesma irá fixada.
Muitas pessoas que precisam transportar suas motos, acabam optando por transportadoras não especializadas - na melhor das hipóteses, empresas de mudança - na ânsia de economizar alguns trocados ou por pura ignorância quanto a forma correta de se transportar uma moto. Não é difícil ver as mesmas sobre "caminhões cegonha", sem preparo algum para efetuar este tipo de transporte (de plano, basta lembrar que caminhões cegonas foram projetados para transporte de carros, não de motos, e a partir disto raciocinar um pouco), o que, invariavelmente, acaba por acarretar estragos na moto, muitas vezes não perceptíveis à primeira vista, como, por exemplo, rachaduras na estrutura da moto (frame), rompimento ou estouro de retentores de bengala, comprometimento do amortecedor traseiro, trincas imperceptíveis em rodas, balanças, mesa de direção e guidon, entre outros danos. Também não é raro ver motos sendo transportadas "embaladas" em cobertores velhos, dentro de baús de empresas de mudança que amarram depois o conjunto "firmemente" com cordas de resistência duvidosa entre a parede do baú e uma geladeira... Pior! Alardeiam os que contrataram o serviço depois que conseguiram uma "barbada" para transportar suas motos.   

Claro que muitas vezes, quando no meio do nada, não há outra alternativa no transporte da moto se não simplesmente colocá-la sobre um caminhão plataforma, e torcer pelo melhor. Mesmo nessa situação, se o piloto acompanhar o transporte e tiver um mínimo de noção de como a moto deve ser transportada a fim de orientar o caminhoneiro, melhor.

Começando pela "perfeição", talvez a melhor forma de se trasportar uma moto seja encaixotando-a, sem rodas e sem bateria. Logicamente, esta opção quase sempre está longe do possível, haja vista que nem sempre se consegue ferramental adequado para retirar as rodas e colocálas ao lado da moto com segurança, quanto mais construir uma caixa adequada ao transporte. Claro, se estamos tratando de levar uma moto de um continente até outro, talvez não haja outra maneira apropriada de fazê-lo.

Ficando nas viagens intermunicipais, interestaduais e/ou aos países vizinhos, pode-se perfeitamente utilizar pequenos e médios reboques, que tem capacidade desde para uma moto pequena até quatro ou mais motos grandes. E aqui já começam as outras variáveis... 

Em primeiro lugar, nunca se deve ultrapassar a capacidade de carga mencionada por um fabricante de um reboque, o que, em princípio, tem a ver com o número de motos que ele pode trasportar. Assim, se o reboque foi projetado para uma moto, por mais que você ache que ele aguenta, não invente de transformá-lo, colocando, por exemplo mais um trilho para que "adquira" a capacidade de tansportar duas motos. Se é para duas motos, não é para três, e assim sucessivamente. 

Fabricantes de reboque tem ainda o péssimo hábito de utilizar rodas recondicionadas e o pior de tudo, pneus "remold". Quanto as rodas, se não houverem trincas e/ou soldas, não existe maiores problemas, mas quando aos pneus, é preciso prestar máxima atenção. Ocorre que malditos pneus "remold" nada mais são do que pneus "remoldados", ou "recapados". Em bom português, recauchutados. E tudo isso para economizar meia dúzia de reais, e fazer com que o custo final fique mais em conta. O detalhe é que um excelente pneu Bridgestone ou Pirelli para reboque, NOVO, como deve ser, não custa mais do que R$ 190,00, quando muito. Mas um recauchutado custa a metade do preço, você pode defender... Ok! Ponha um recauchutado então no seu reboque que carregará sua moto de mais de R$ 50.000,00 em cima para economizar R$ 100,00. Quando o remoldado estourar e a moto for jogada de cima do reboque, talvez você perceba que a economia saiu caríssimo.

Assim, de pronto, se você acabou de adquirir um reboque e os pneus parecem ainda estar em boas condições de rodar ou mesmo se estão novos, ainda que o vendedor tenha lhe garantido que não são remoldados... Troque os pneus e fim de papo! Deixe os pneus - e quiçá mesmo rodas - de lado e coloque tudo novo, sem dó. Se houver lugar no carro/caminhonete que puxará o reboque, deixe o que agora virou estepe por lá sempre que carregar o reboque, ou fixe o mesmo convenientemente sobre o reboque, amarrando-o firmemente ao lado da moto preferencialmente com cintas de catraca e/ou, melhor ainda, além de amarrá-lo acorrente-o, de forma que não mexa um centímetro sequer. É preferível você ter muito trabalho para tirá-lo do lugar caso precise, que vê-lo pelo retrovisor voando enquanto dirige...   

E aqui, falando no carro que irá puxá-lo, observe sempre a capacidade de carga e de reboque do mesmo, bem como acessórios de engate. Qualquer manual de carro tem em um de seus capítulos a capacidade de reboque do carro. A exemplo, um Cobalt 1.8, tem aproximadamente capacidade de reboque de 1200kg, enquanto uma S10, dependendo da motorização, se aproxima dos 3000kg. JAMAIS coloque um carro para puxar mais do que o indicado no manual, por mais que você ache que ele aguenta ou que seu vizinho tem um igual e puxa até arado. Isso é um prato cheio para detonar motor, caixa de embreagem e outros componentes do seu veículo.

Igualmente não se deve descuidar dos "acessórios". No mercado você encontra desde cambões de reboque (as famosas "bolas de reboque") baratinhos de uma ou duas centenas de reais até os que podem chegar próximos aos R$ 1.000,00 ou mais. Entenda de uma vez por todas: engates mais baratos não são mais baratos porque o fabricante resolveu cobrar menos, mas sim porque normalmente são ou de qualidade inferior, ou com capacidade de carga pequena. Não raro vemos engates que não ultrapassam capacidade de carga de 400 ou 500kg, e que normalmente não servem é para nada, salvo enfeite. Isto porque um bom reboque irá pesar no mínimo entre 300 e 400kg, e só aí você já estoura a capacidade de carga.  

Ao rebocar qualquer coisa, você tem de considerar basicamente a capacidade de reboque do veículo, a capacidade de carga do reboque e a capacidade de carga do engate. Para verificar se está dentro do permitido, você deve somar o peso da moto a transportar mais o peso do reboque. É este valor final que deve estar dentro da capacidade de reboque do veículo E do engate. para que você não tenha surpresas desagradáveis no caminho.

ATENÇÃO! Após engatar o reboque certifique-se de que:
1 - o engate está firme, com pino colocado e travado, preferencialmente com cadeado;
2 - o reboque está acorrentado ao suporte do engate, no carro (por baixo ou nos olhais próprios);
3 - a trava do reboque está engatada e travada com o pino devido;
4 - a tomada está ligada ao reboque;
5 - as luzes de placa, piscas, freios estão em perfeito funcionamento.

Outra regra de ouro ao transportar uma moto é nunca deixá-la apoiada no pezinho ou cavalete central. Embora à primeira vista isso possa parecer uma posição "natural" para carregar a moto, a prática força todo o conjunto de maneira desequilibrada, sobretudo o pezinho ou o cavalete central que, cedo ou tarde, irá quebrar por todo esforço que fez durante a viagem. Triste é constatar que 9 entre 10 transportadores adotam esta prática, e que 11 entre 10 pilotos/proprietários desconhecem totalmente da prejudicialidade de tal forma de transporte para a estrutura da moto como um todo.   


Na próxima parte - CLIQUE AQUI PARA LER! - faremos as considerações devidas sobre como subir a moto em um reboque, carreta, caçamba de caminhonete, como amarrá-la e como retirá-la com máxima segurança. 

Até breve!

Crédito das fotos:
Google images. 


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2 comentários:

  1. Até esse ponto concordo com tudo que o amigo postou, vou aguardar as outras partes. Parabéns sobre o texto. Abraço, Otavio Araújo - Gugu - Taubaté/SP

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  2. Obrigado pelas Dicas e Parabéns pela iniciativa. Max - Brasília-DF

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