terça-feira, 27 de agosto de 2013

Mono, bi, tri ou tetracilíndrica? Quais diferenças dessas motos?

Um cilindro, dois cilindros, três cilindros ou quatro cilindros. Afinal, qual a diferença entre estas motos e qual delas é a mais indicada aos seus propósitos?

Não foram poucas as vezes que fui questionado quanto a isso, e a minha resposta está sempre na ponta da língua quanto qual a melhor, a mais indicada...

Muito embora possamos ter "cilindrada" (volume "varrido" por um pistão dentro de um cilindro) idêntica entre uma moto monocilíndrica e uma tetracilindrica, ou entre uma bicilindrica e uma tetracilindrica ou ainda a que se queira comprarar, geralmente a potência do motor ou seu torque (e estas duas coisas não se confundem!) aumenta de acordo com a capacidade cúbica do cilindro do motor de uma moto, a vulgarmente chamada "cilindrada". Daí que dizer que determinada moto tem 600cc (ou 600 cilindradas) seria o mesmo que dizer que o volume varrido pelo motor é de 600 centímetros cúbicos (o que equivaleria a 0,6 litros).

Ao fim e ao cabo, encher a boca para dizer que sua moto tem 1200 cilindradas, não serve para muita coisa, fora deixar espantado o frentista do posto de combustível, pois, cilindrada por cilindrada, tratores geralmente tem enormes, que não servem para muita coisa fora torque (ou a força de giro/tração do motor).

Mas então, porque uma moto monocilíndrica e não uma tetra? É o que vamos ver agora:


Monocilíndricas: 
Quando se pensa em baixo peso, nada melhor do que um único cilindro. Além disso usar um cilindro apenas simplifica o eixo de manivelas, o comando de válvulas, a injeção eletrônica ou carburação, o bloco do motor e uma infinidade de outros itens do mesmo, reduzindo, ainda, substancialmente os custos finais. Não é por outra razão que as motos mais básicas são dotadas de um único cilindro, onde se consegue unir um mínimo de torque para deslocar a moto, com um mínimo de custos, barateando bastante o preço final da mesma. É claro que temos motos não tão básicas, como a G650GS Sertão ou Ténéré 660 da imagem, que são dotadas de um único cilindro, assim como uma infinidade de pequenas trails. São motos para a categoria, de uma forma ou de outra, com custo reduzido.

Seu principal ponto negativo fica por conta da vibração, que entre todos os motores - fora as Harley Davidson's - são os que mais vibram. Afinal, é um único pistão subindo e descendo, com todo seu desequilíbrio possível, onde por mais que se tente balancear o eixo do motor, nunca se chegará a uma equação tranquila. Há quem não se incomode, claro, com ter uma batedeira embaixo das pernas, mas para viagens muito longas, não é, no meu entender, a melhor opção.

É claro que são imbatíveis em se tratando de manutenção, pois um monocilíndrico, fora troca de óleo e filtros, praticamente não requer maiores cuidados para funcionar "redondo" por milhares de quilômetros. 



Bicilíndricas:

Sem muito medo de errar, podemos dizer que a grande maioria das big trails - categoria pela qual este blog é aficcionada - são dotadas de motores bicilíndricos.
Entre as mesmas temos as Yamaha's Super Ténérés, as BMW's R1200GS, as F800GS, as Kawasaki's Versis, as Suzuki's DL-VStrom, as KTM's 1190, Ducati's Multistrada, Guzzi's Stelvio e diversas outras.
Aqui, as vibrações se reduzem bastante, sendo tais motos mais aptas a encararem longos trechos de estrada. Por terem "apenas" dois cilindros, geralmente não perdem a capacidade de torque, característica tão nítida nas monocilindricas (e em tratores...), sempre necessária para quem precisa percorrer estradas nem sempre tão convidativas quanto o liso asfalto. Igualmente, não exageram em sua rotação, tendo potência suficiente para atingir boas velocidades finais, tornando assim muito mais agradável as viagens de longa duração. Trocando em miúdos, quando se precisa de bom torque também em baixas rotações, em tese, quanto menor o número de cilindros, melhor. E torque - em baixa rotação - é absolutamente tudo o que mais se precisa em estradas de terra, por exemplo. 

Ainda assim há quem reclame que bicilindricas vibrem muito, queixando-se, por exemplo, do motor boxer das BMW's GS. Aconselharia tais incomodados a primeiro pilotar uma Harley Davidson qualquer, para depois sim falar mal da vibração das big trails bicilindricas em geral.

Aliás, em se falando de bicilindricas, a grande maioria das customs adotam tais motores, preverencialmente com a confguração em forma de "V". Todas cópias das Harley's ou mera preferência global do mundo custom?

Claro, voltando-se ao tema vibração, não se pode comparar as mesmas com tetras ou tricilindricas...


Tricilíndricas:

Talvez as tricilíndricas sejam as maiores "incompreendidas" do planeta, até mesmo porque são poucas as motos com tal configuração de motor. Seguindo porém a lógica de que quanto mais cilindros menor a vibração vinda do motor - e daí maior conforto para viagens longas - começam a aparecer cada vez mais.
 
Quem mais tem apostado neste tipo de motor, sem dúvida é a marca inglesa Triumph, a qual tem uma legião de fãs que vem crescendo a cada dia, ovacionando as maravilhas do motor tricilindrico, com vibração bastante reduzida se comparado com qualquer outro motor das anteriores estudadas. A Triumph Tiger 800XC e a Explorer, vieram enfrentar a briga feia com a BMW F800GS e a R1200GS, sendo que vários proprietários já são aqueles que juram que a Triumph é infinitamente mais gostosa de se pilotar do que uma BMW, seja pela velocidade final, seja pela suavidade que deslizam pelo asfalto, entre outras caracterísitcas que enlevam.

E tanto isso é verdade que outras marcas já pensam em adotar esse tipo de motor, sendo que há rumores de que a Ducati e a MV Augusta irão partir para os três cilindros até mesmo em suas motos esportivas.

Com três cilindros, um pouco mais de potência, um pouco menos de torque em baixas rotações. Seria assim a combinação ideal para as big trails ou esse seria o meio termo para as nakeds a serem usadas no dia-a-dia? Ou quiçá melhor se adapte as esportivas?

Se bem que quando se pensa em esportiva, nada parece superar o famoso "quatro-em-linha"...

Tetracilíndricas:

É o "quatro-em-linha" o tipo de motor preferido pelas esportivas. Nesta categoria estão a maioria das motos que, por sua própria característica, já demandam, de saída, a menor vibração possível, uma vez que fabricadas para atingirem altas velocidades, onde o torque não importa muito mas a potência tem íntima relação com a adrenalina. 

Imagine-se a mais de 200km/h sendo importunado por uma vibração constante... Não só você o seria, mas toda a ciclistica da moto, com forças de torções que não são em nada bem-vindas quando nem se tem tempo para raciocinar ao entrar em uma curva.

O som de um motor "quatro-em-linha", do meu ponto de vista é algo incomparável. Verdadeira música para quem gosta deste tipo de moto, sendo que nenhuma Ducati dotada de um motor bicilindrico Testastreta, é capaz de se comparar a sonoridade do "vruuummm" de quatro pistões batendo compassados um após o outro, gerando algumas centenas de cavalos.

Ninguém quer andar na terra com uma moto tetracilíndrica... A não ser a Honda, é claro, com sua Crosstourer, motinho que particularmente não me convence, por conta, entre outras coisas, de seu alto peso.

Como diz amigo meu, é o típico exemplo da big trail que vai ficando cada vez mais big e menos trail.

Só sei que eu preferia colocar até uma superesportiva na terra do que uma crosstourer, pois ao menos na primeira sei que firmaria os pés no chão para segurar a mesma na vertical. 

Invenções, como se vê, é o que não falta...


Outras:

Existem ainda motos com cinco e seis cilindros e até mais de seis cilindros, muito embora estas sejam mais raras e geralmente fruto de invenções exdrúxulas de verdadeiros "Doutores Franksteins", que buscam uma moto diferenciada, que chame a atenção por onde passa.  Geralmente parando por aí. Pois, chega um ponto, em que a quantidade de cilindros serve mais é para fazer peso, o que prejudica na ciclística e desempenho final da moto, tornando-a nada mais do que um trambolho ambulante.

Muito embora seus proprietários ou construtores jurem que suas invenções são fruto de intensos estudos e capazes de atingir velocidades espantosas - sendo que geralmente não há ser vivo que queira provar quais são os limites da máquina -são motos que não entram em linha de produção, restringindo-se a uma ou meia dúzia de unidades, que entre seus compradores mais tem é colecionadores do que qualquer outra coisa, como é o caso dos donos das Dodge Tomawawk (você conhece ou já ouviu falar de algum???), as quais, entre outras coisas, obrigam o piloto a uma posição de piloto de testes, o que por si só já inviabiliza a condução das possantes por ruas ou estradas onde transitam veículos terráqueos.

São nada menos do que 10 cilindros, enfiados numa estrutura que melhor ficaria na originária desse motor: o automóvel Dodge Viper. Tem-se assim uma moto - se é que dá prá chamar algo com quatro pleus de moto! - com nada menos do que 700kg, 500cv's e uma sedizente velocidade final de mais de 400km/h. Onde se testa isso? Onde se anda a essa velocidade no dia-a-dia? Enfim, para o que serve esse tipo de moto? uma verdadeira aberração da natureza, sem muita utilidade prática qual não seja enfeitar a sala - e para isso uma obra de arte legítima poderia ser mais útil - ou ser estrela de mais algum clipe de rap.

É claro que existem verdadeiras maravilhas da engenharia com, por exemplo, seis cilindros, como é o caso da BMW K 1600 GTL, uma moto de turismo - e de luxo - que por conta de seu motor resultado em uma máquina praticamente isenta de vibrações, e, para os entendidos, donos das melhores sinfonias que se pode tirar de um motor à combustão interna, se é que se pode ouvir o ronco do motor atrás de tanta proteção aerodinâmica e quem sabe até mesmo uma música tocando, já que tal moto conta praticamente com uma discoteca à bordo.

Logicamente, o peso, mesmo dessa tecnologia avançada, cobra o seu preço. Para você ter uma idéia, uma BMW K 1600 GTL chega perto dos 350kg em ordem de marcha, o que nos parece um tanto exagerado para uma moto. 

Porém se peso não é problema, também existem motos SEM NENHUM CILINDRO! Sim! Este é o caso da Y2K que no lugar de um motor convencional tem uma turbina de helicóptero. Tal moto conta com uma turbina (é melhor denominar assim para não confundir com simples "motores à pistão") Rolls Royce Alisson, oriunda dos helicópteros Alisson, com uma temperatura de exaustão próxima aos 650ºC. Quem reclama do escape quente ou que sua moto esquenta um pouco, o que não dirá dessa! Talvez, pelo sim, pelo não, o melhor seja usar cuecas de amianto... E ainda assim tem quem goste! Pois a Y2K de segunda geração já está em estudos, quase pronta para ser novamente produzida, a um custo aproximado de uns 500 mil dólares lá fora. Coisa que aqui, ficaria em torno de uns dois milhões de reais, fácil, fácil. Outra moto que só serviria basicamente para figurar em videoclipes de rap. Umas correntinhas de outro atravessadas no pescoço e pimba! O artista estaria pronto a ser lançado ao sucesso, com nenhum pedido de perdão pelo trocadilho.
Serão 420 CV's e um peso que deve se aproximar dos 500kg, por conta da turbina que carrega. Velocidade final também ultrapassando os 400km/h, para quem quiser testar. Duro seria viajar com um troço desses, pois onde encontrar gasolina de aviação nos postos pelas estradas? Ou será que as paradas deveriam ser todas em aeroportos? Já imaginou? Particularmente, com dois milhões para torrar no bolso, eu preferia uma Ferrari, por mais apaixonado que eu seja por motos e nenhuma nutra por carros em contrapartida.  

Não se pode deixar de lado também, entre as motos com motores desprovidos de cilindros, as elétricas. Ou será que se pode deixar de lado? Fato é que atualmente qualquer veículo elétrico ainda luta com os velhos  problemas de peso e de autonomia de suas baterias (ou acumuladores, como preferem os engenheiros), e peso demais em moto com autonomia e potência de menos nunca vai bem.

Enfim, 1, 2, 3, 4, 5, 6 ou sabe-se lá quantos cilindros, quem se importa?

Sendo moto, já é meio caminho andado para o proprietário da máquina ser feliz.

No fim das contas, em se tratando de moto, nossa paixão é uma só.

Até breve!

Crédito das fotos:
- diversas, retiradas do google images

4 comentários:

  1. O humor e as piadelas são excelentes...

    Fora o compartilhamento das informações e curiosidades...

    Muito boa matéria... Excelente mesmo

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  2. Ótima matéria. Fora as pessoalidade tem muita informação e um olhar profissional. De quem entende.

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  3. ...Sendo moto, já é meio caminho andado para o proprietário da máquina ser feliz.

    No fim das contas, em se tratando de moto, nossa paixão é uma só...

    finalizou perfeitamente,
    muito agradecido, agora entendi porque a bmw vai lançar a gs700 no Brasil e parar de produzir a 650.

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