Assim como a "Route 66" é um ícone na América do Norte, a Ruta 40 tem importância na América do Sul, não havendo um motociclista que não tenha ouvido falar nela, passado por ao menos um trecho dela e/ou percorrido-a por inteiro.
Tão ou mais importante do que ir ao Atacama ou Ushuaia ao motociclista aventureiro que se preze, percorrer a Ruta 40 é viagem quase que obrigatória para aqueles que querem desfrutar de belas paisagens, sem muito compromisso com "correrias" e o ter de chegar logo, como ocorre com os que vão pela Ruta 03 até os extremos sul do continente.
Sendo a Rodovia mais extensa da Argentina, com um total de 5224 quilômetros, iniciaram sua construção em 1935, sendo que até hoje ela não é dada como acabada, haja vista existirem ainda muitos trechos de rípio, que aos poucos - infelizmente para os mais aventureiros - vai sendo totalmente asfaltada. Com o asfalto, o temor de que o "charme" da Ruta 40 se perca aos poucos, assim como suas belas paisagens à dar lugar ao tal sedizente "progresso".
Ao todo são nada menos do que 11 (ONZE!) províncias (o equivalente a nossos Estados), passando por 18 (dezoito) rios, conectando-se a 27 (vinte e sete!) "pasos andinos" da cordilheira e atravessando nada menos do que 20 (vinte!) parques nacionais.
É atração que não acaba mais, prá ninguém - nem os mais chatos - colocar defeito!
Pode-se dizer que - à exceção de Ushuaia e Peninsula Valdez - a Ruta 40 percorre as principais atrações turísiticas em termos de paisagens da Argentina, desde a fronteira com a Bolívia, já de cara passando por Salta e seu trajeto mais alto a 5000 metros de altura em Abra del Acay, o que exige do piloto um tanto de preparo físico para enfrentar o mal de altitude e manter-se alerta (leia-se, em cima da moto) apesar da falta inevitável de oxigênio. Por conta desta altitude não é raro alguns levarem garrafas de oxigênio, para uma respiradinha melhor volta e meia. Mal não faz. Portanto, algo a se pensar seriamente, muito embora eu seja radicalmente contra levar até páraquedas na bagagem para qualquer eventualidade.
Cafayate é o seguinte ponto alto, já que em seu entorno está o parque das pedras pomes, algo que talvez só se encontre nesta magnitude e beleza no norte da Argentina mesmo. Belezas estas que muitos desconhecem, achando que por lá o mais bonito que existe é o deserto do Atacama, o que não é uma verdade absoluta, como pode se ver, da mesma forma que não se pode dizer que Ushuaia é a região mais bonita que há na Argentina. Em se tratando de belezas naturais, tudo é muito subjetivo, e quanto mais lugares você visita, mais pode emitir uma opinião pessoal, sem se prender ao que revistas e sites de turismo, ou até eu mesmo por este blog lhes digo.
No parque, inúmeras formações rochosas de pedra pomes, oriundas de erupções vulcânicas de um passado não muito distante, colaborando para um visual digno de filme de ficção. E dos melhores! Ali é possível mais uma vez alcançar o que motociclistas, escritores, músicos e apaixonados pela vida em geral, enfim, estes loucos de plantão tanto buscam incansavelmente: a paz necessária para se perder dentro de si mesmo.
Nem que seja por uns minutos apenas, já que a longa estrada deixa a alma do motociclista aventureiro sempre irriquieta, lhe puxando da pele como que em um beliscão de morsa, arrancando-lhe sempre do torpor tão característico de outros seres que ele conhece muito de longe ou por ouvir falar, os quais se aboletam no sofá para assistir algum programa ridículo e emburrecedor de auditório ou de "brothers" que nunca o foram nem serão. Porque, aliás, os únicos "brothers" que um motociclista conhece, afinal, são seus companheiros de estrada, estes loucos ainda sãos neste mundo cada vez mais doente.
Mais adiante, pulando várias províncias - até mesmo porque falar da Ruta 40 e suas atrações daria um livro de algumas centenas de páginas - dizer que Mendoza é imperdível seria o mesmo que chover no molhado. Mendonza é imperdível! Pronto! Falei!
Só o passeio pelas vinícolas e fábricas de azeite de oliva extravirgem - com direito a uma rápida aulinha básica de enologia onde você aprende a diferenciar um bom vinho dos demais - bem como a própria visão dos andes ao longe no horizonte, já vale alguns dias por lá. E não se resume a isso! Mendonza tem muita coisa para se fazer, entre elas, belíssimos parques para se passear ou tomar um mate. A cidade, igualmente, é em geral bastante limpa e acolhedora. Vale tomar alguns chopes e comer bons lomos pela "calle" San Martin (aliás, onde originalmente era o marco zero da Ruta 40 sul - a confluência entre as "calles" San Martin e Garibaldi), movimentadíssima em qualquer dia da semana, com suas mesas em frente aos cafés, num estilo bem europeu.
Malargue, cidade bastante turística principalmente no inverno, que fica próxima da conhecidíssima estação de esqui e cidade de Las Leñas, é outra boa pedida no trajeto da Ruta 40. Aliás, para os que tem mais tempo, vale um pulinho até a estação de esqui de Las Leñas. Mesmo fora de temporada, é possível subir a encosta da estação e desfrutar da bela paisagem lá de cima. Até no verão, não é raro de haver neve depois do "segundo lance" da subida, que é feita pelo teleférico nas típicas cadeirinhas.
Não tem como não se encantar com a cidade! Por essa região, tudo faz você acreditar que está na europa, pois em geral as ruas - e fachadas - são bem cuidadas. Procure pelo "El Bodegon de Maria" para almoços ou mesmo para o final de noite. Serve pratos convidativos no sabor e no preço!
Atenção na estrada para Las Leñas! Muitas curvas e rípio espalhado pelo asfalto, que não é dos mais bem conservados! Também não é raro rebanhos imensos de cabras e ovelhas no meio da pista ou até mesmo manadas de cavalos que você quase jura serem selvagens, não fosse o peão tocando-os sem muito compromisso, sabendo que quem deve ficar atento e desviar é você.
De Marague para baixo, longas retas ainda podem tirar o seu foco. Não "relaxe" demais. A pista é simples e tem rípio no acostamento. Fortes ventos, com rajadas de mais de 100km/h - também podem começar a se fazerem presentes.
Não muito distante, a região de Bariloche, onde a Patagônia realmente começa. A mudança de paisagem aliás, é gritante! De regiões quase desérticas você passa de um quilômetro para outro a uma paisagem deslumbrante e selvagem, com altos pinheiros, carvalhos e outras árvores centenárias nas encostas. Neve é o que não falta, muitas vezes em qualquer época do ano, sobretudo nas regiões mais altas ou lado dos morros mais protegidos do sol. Bom lembrar de se cuidar o acúmulo de gelo (black ice) na pista, sobretudo quando a temperatura cai e o sol não está tão à pino.
Bariloche fica na chamada "região dos lagos". Talvez por isso seja a paisagem tão deslumbrante, haja vista que o índice pluviométrico contribui com deixar a umidade alta e as plantas satisfeitas.
Só o passeio pelas vinícolas e fábricas de azeite de oliva extravirgem - com direito a uma rápida aulinha básica de enologia onde você aprende a diferenciar um bom vinho dos demais - bem como a própria visão dos andes ao longe no horizonte, já vale alguns dias por lá. E não se resume a isso! Mendonza tem muita coisa para se fazer, entre elas, belíssimos parques para se passear ou tomar um mate. A cidade, igualmente, é em geral bastante limpa e acolhedora. Vale tomar alguns chopes e comer bons lomos pela "calle" San Martin (aliás, onde originalmente era o marco zero da Ruta 40 sul - a confluência entre as "calles" San Martin e Garibaldi), movimentadíssima em qualquer dia da semana, com suas mesas em frente aos cafés, num estilo bem europeu.
Malargue, cidade bastante turística principalmente no inverno, que fica próxima da conhecidíssima estação de esqui e cidade de Las Leñas, é outra boa pedida no trajeto da Ruta 40. Aliás, para os que tem mais tempo, vale um pulinho até a estação de esqui de Las Leñas. Mesmo fora de temporada, é possível subir a encosta da estação e desfrutar da bela paisagem lá de cima. Até no verão, não é raro de haver neve depois do "segundo lance" da subida, que é feita pelo teleférico nas típicas cadeirinhas.
Não tem como não se encantar com a cidade! Por essa região, tudo faz você acreditar que está na europa, pois em geral as ruas - e fachadas - são bem cuidadas. Procure pelo "El Bodegon de Maria" para almoços ou mesmo para o final de noite. Serve pratos convidativos no sabor e no preço!
Atenção na estrada para Las Leñas! Muitas curvas e rípio espalhado pelo asfalto, que não é dos mais bem conservados! Também não é raro rebanhos imensos de cabras e ovelhas no meio da pista ou até mesmo manadas de cavalos que você quase jura serem selvagens, não fosse o peão tocando-os sem muito compromisso, sabendo que quem deve ficar atento e desviar é você.
De Marague para baixo, longas retas ainda podem tirar o seu foco. Não "relaxe" demais. A pista é simples e tem rípio no acostamento. Fortes ventos, com rajadas de mais de 100km/h - também podem começar a se fazerem presentes.
Não muito distante, a região de Bariloche, onde a Patagônia realmente começa. A mudança de paisagem aliás, é gritante! De regiões quase desérticas você passa de um quilômetro para outro a uma paisagem deslumbrante e selvagem, com altos pinheiros, carvalhos e outras árvores centenárias nas encostas. Neve é o que não falta, muitas vezes em qualquer época do ano, sobretudo nas regiões mais altas ou lado dos morros mais protegidos do sol. Bom lembrar de se cuidar o acúmulo de gelo (black ice) na pista, sobretudo quando a temperatura cai e o sol não está tão à pino.
Bariloche fica na chamada "região dos lagos". Talvez por isso seja a paisagem tão deslumbrante, haja vista que o índice pluviométrico contribui com deixar a umidade alta e as plantas satisfeitas.
Mais abaixo, Esquel segue a linha da região. Se não degustou, procure uma boa "bodega" para comer um legítimo cordero fueguino. Para quem gosta de carnes, talvez um dos melhores pratos. Não se impressione se a temperatura cair bastante, principalmente à noite, em Esquel. Até mesmo fora de época alguma neve pode se fazer presente, pois é um vale cercado de montanhas. A floresta vai ficando cada vez mais fechada, cada vez mais curvas na estrada, embora ainda se passe por algumas regiões desérticas. Não fique sem combustível e nem ande no limite. Mão leve no acelerador, pois os postos vão se distanciando e alguns bons trechos de rípio já são notados. É bom começar a pensar em um galãozinho de combustível de reserva para qualquer eventualidade.
Perito Moreno deve ser sua próxima parada. Não tem muitos atrativos, mas é quase obrigatório ficar por lá uma noite e buscar alguma pizzaria ou mesmo comer um simples "estofado de polo" no hotel para repor as energias. O dia seguinte é meio "pauleira", pois a partir daí o rípio continua de verdade. As condições do mesmo, só indo e na hora para saber. Se a patrola recém passou, pode estar muito ruim, por conta dos "montinhos" que ela deixa na beira da pista. A dica é andar sempre "no trilho" dos demais carros, e nunca abusar da velocidade, por mais que você ache que ele está bom e bem compactado. Aqui pode estar, lá adiante já não. E trocar de uma faixa para outra, ou sair de um "trilho" pode significar uma coisa só: tombo. Os carros que vem na direção contrária parecem não estar muito preocupados se estão na sua pista. Portanto toda atenção - e velocidade comedida - é recomendável.
"Cueva de Las Manos" é a atração da região, um sítio arqueológico com pinturas rupestres estimadas a terem algumas mais de 9000 anos, declarado patrimônio histórico pela Unesco. Um "desvio" de cerca de 50 km (25 de ida, idem de retorno), que a estas alturas, talvez não chame tanto a atenção, tudo a depender do tempo que você tem disponível. Isto porque para esta visitação, conte com umas 3 horas a mais na ruta. Afinal, 25 quilômetros no rípio não se faz assim, tão fácil quanto parece.
Vale a pena ir? Bom... Aí é de cada um! Eu particularmente sou do entendimento que se você já está na chuva...
Saindo dali, considere dormir na cidade de Bajo Caracoles ou Gobernador Gregores. Nem pense em andar muito mais do que isso, porque o trajeto de rípio e a atenção necessária não recomenda. Além do que é região para se fazer com calma. Você está entrando na chamada "região dos três lagos", onde tem destaque o lago cardiel. Vale perder uma tarde por suas praias.
E falando em lagos, o Viedma também é um bom lugar à visitação, de onde você pode avistar o monte Fritz Roy. Já está aí chegando a um dos pontos altos do trajeto da Ruta 40, ao mesmo tempo que se aproxima do fim - ou do começo - da mesma.
Sim... Estamos falando dos glaciares do Parque Nacional Los Glaciares, no Lago Argentino. El Calafate é a cidade base para visitação ao glaciar Perito Moreno e outros. Pode programar, inclusive, um Tour - mini cruzeiro - de um dia inteiro pelo lago argentino. Não muito barato, mas nada de assustar também. Reserve a grana, pois é passeio único, que talvez você não tenha outra oportunidade de fazer.
Vale a pena ir? Bom... Aí é de cada um! Eu particularmente sou do entendimento que se você já está na chuva...
Saindo dali, considere dormir na cidade de Bajo Caracoles ou Gobernador Gregores. Nem pense em andar muito mais do que isso, porque o trajeto de rípio e a atenção necessária não recomenda. Além do que é região para se fazer com calma. Você está entrando na chamada "região dos três lagos", onde tem destaque o lago cardiel. Vale perder uma tarde por suas praias.
E falando em lagos, o Viedma também é um bom lugar à visitação, de onde você pode avistar o monte Fritz Roy. Já está aí chegando a um dos pontos altos do trajeto da Ruta 40, ao mesmo tempo que se aproxima do fim - ou do começo - da mesma.
Sim... Estamos falando dos glaciares do Parque Nacional Los Glaciares, no Lago Argentino. El Calafate é a cidade base para visitação ao glaciar Perito Moreno e outros. Pode programar, inclusive, um Tour - mini cruzeiro - de um dia inteiro pelo lago argentino. Não muito barato, mas nada de assustar também. Reserve a grana, pois é passeio único, que talvez você não tenha outra oportunidade de fazer.
El Calafate é por si só uma atração à parte, tendo quem pegue um vôo de qualquer lugar do mundo só para ir até lá e apreciar a beleza do glaciar de Perito Moreno, que é apenas um dos vários do parque.
Aqui até o final da Ruta 40 - ou início, em Cabo Virgenes - são pouco mais de 400km. E Ushuaia já é logo ali também.
É claro que isso tudo é só um breve resumo do que há na Ruta 40. Há muito mais para se ver por lá! Vale muito programar a sua viagem para a região! Com uma boa logística, é claro.
E você? Já se agendou? Nós da A&K estaremos desbravando a Ruta 40 em novembro!
Que tal? Vamos junto?
Até breve!
Crédito das fotos:
Carlos Alberto Kampffe - fotos 1 e 3
A&K Motorcycle Rentals - fotos 4 a 7
Jesus Massao Hatae - foto 9
Google Images - foto 2 e 8
A A&K Motorcycle Rentals está em novembro promovendo um Tour exploratório pela Ruta 40.
Restam pouquíssimas vagas. Mais detalhes nos posts anteriores e contate-nos pelo e-mail aek@aekmotos.com
Show!
ResponderExcluirEstou planejando adquirir a Yamaha MT-09 e seguir esta estrada ai com a minha esposa...
Não sou fã de Trails e a MT é uma das mais versáteis da categoria... além de um ótimo custo benefício.
Será que rola seguir essa estrada com a MT?
Olha, Renan... Tem alguns trechos mais complicados, com pedras de rípio maiores, estradas em manunenção, etc., mas devagar, se passa sim. Tem de se ter calma. Abraços!
ExcluirObrigado pela resposta!
ExcluirVi que a BMW irá lançar a S 1000 XR em 2015(não sei no Brasil).
Essa me agradou mais(não consigo deixar o som do 4 em linha de lado), unindo performance e versatilidade.
Vamos ver quando a BMW trará ela pra cá... e o preço também. =/
Assim consigo mais conforto, sem deixar a performance de lado.
Abraço!
Olá, Acabei de vir de Ushuaia, onde também percorri um pouco da Ruta 40 até Calafate. Me preparo para o Chile e Peru, possivelmente pelos meses de novembro ou dezembro de 2015.. Se alguém tiver interesse em montar a trip, faça contato. Antônio Fernandes. 48- 88162840 / wwwcaprona.blogspot.com (sem o ponto depois do w). e caprona.co@gmail.com ( São José-SC)
ExcluirBoa tarde, galera. Algum parceiro sabe me dizer como está hoje as condições da RN40 ?? ainda tem trechos de rípio? pretendo fazer Ushuaia e região.
ResponderExcluirObrigado e um grande abraço
gostaria de saber os trechos de ripio abaixo de bariloche ?
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