Nas últimas semanas tem havido grande expectativa com relação a reabertura das fronteiras dos Estados Unidos para o turismo, o que causa grande ansiedade principalmente naqueles que, como nós, são simplesmente apaixonados pela Route 66 dentre outros destinos naquele país. Rumores apontam que os Estados Unidos só deixarão entrar estrangeiros totalmente vacinados, a exemplo do que vem ocorrendo na Europa.
E tudo isso porque, em princípio, há grande pressão da Comunidade Européia para cima do Presidente dos Estados Unidos, o Sr. Joe Biden. Outros, por sua vez, mais conservadores, questionam onde estaria a tão defendida "liberdade", que é quiçá a coisa mais importante para os americanos...
E fica a grande pergunta: a exigência de vacinação para ingressar no país não seria uma verdadeira "ameaça" a liberdade dos cidadãos americanos? Sim, porque há de se pensar sempre na tal de reciprocidade diplomática. Se você exige que eu esteja vacinado, então poderei exigir o mesmo de você, não é mesmo? E mais, estaria ainda se limitando o direito de ir e vir do turista ou "discriminando" vacinados de não vacinados? E aqueles que, por alguma razão, não podem tomar vacinas diversas por conta de prováveis reações alérgicas ou outras, como ficam? E quem tomou a Coronavac, que, sussurram, não tem validade para a Europa e não deverá ter igualmente para os Estados Unidos? Como ficam estes? Devem procurar tomar doses de qualquer outra coisa que seja "aceitável" por lá? Ah... Mas como se não se pode escolher vacina? E nem tente, ou será tido como um "sommelier de vacina", seja lá o que isso queira dizer, transferindo-se a "culpa" para a pessoa que pretende viajar de que a "x" ou "y" não é tida como eficaz em determinado lugar!
O certo é que hoje, dia 03 de outubro de 2021, Biden ainda não se pronunciou, nem confirma que vai e nem que não vai exigir a vacinação. As fronteiras simplesmente continuam fechadas para o turismo, enquanto operadoras e agências de turismo impulsionadas pelos mais diversos setores da mídia batem o pé de que não tem volta, choro ou vela: ou você se vacina, ou você não entra. E ponto final! Quem disse isso? Biden que não! Ao menos não por enquanto... Amanhã, claro, tudo pode mudar e se definir. Por enquanto, para Biden pouco importa se você está imunizado ou não. Não entra. Fim!
Quem estará com a razão? A mídia ou Biden? Aliás, porque Biden não se pronuncia de uma vez e acaba com o mistério?
Do nosso ponto de vista, a coisa é muito mais profunda do que nossa vã filosofia apolítica imagina. O silêncio de Biden existe justamente pela tal liberdade. Tem de pesar e decidir. O que é justo? O que não é justo? A imunização pode ser exigida e cobrada mesmo daqueles que com isso não concordem, em vista de um bem maior? Porquê? Pois se pensar e olhar ao redor, veremos que sustentam alguns com suas razões que não deixam de ter uma certa lógica (ao menos para eles e não se vê debate sustentável que não passe inevitavelmente e infelizmente por árduos posicionamentos políticos, ainda que não seja momento para isso), que se a vacina lhe deixa imune, porque o "medo" com os não imunizados, como se estes fossem verdadeiros leprosos ou portadores de peste negra?
E como uma legítima lepra ou peste negra dos tempos antigos, em pleno século 21 vivemos novamente algo que nunca mais imaginamos poderíamos estar vivendo! Naquela época, leprosos e estrangeiros eram tidos como os principais culpados pela doença mortal... Ervas aromáticas e "fumacê" eram tidos como bloqueadores da praga, que acreditavam, se propagava pelo ar.
E as tulipas? Ahhhhh, as tulipas! Sinônimo de beleza e de ambiente limpo (?) ainda que não se animassem as pessoas a ao menos tomarem banho ou limparem suas casas e assim afastar as malditas pulgas dos ratos e os próprios roedores, reais causadores de tantas mortes. Pelo contrário, acreditava-se que o banho abria os poros e assim permitia a doença entrar com mais facilidade no corpo!
Atualmente substituímos as máscaras em forma de bico de pássaro - receptáculo onde se colocavam as tais ervas aromáticas para os médicos respirarem um ar mais puro (?) - por máscaras meio sem graça de tecido. Que, dizem, são capazes de bloquear o vírus, ou ao menos evitar sua propagação. Acredito.
Na melhor das hipóteses não temos de suportar a chuva de gotículas de quem tosse por perto. Isso ninguém merece! Independente de vírus! Assim como proximidade excessiva...
Distanciamento social, aliás, é uma questão básica de saúde e de direito pessoal. Sim. De individualidade. Quem, afinal, em sã consciência, gosta de gente que nem se conhece espremida tentando ocupar o mesmo espaço onde só um cabe (você), seja no ônibus, no metrô ou na fila do banco? Quem gosta de sentar tão perto do colega de aula ou de trabalho a ponto de invadir o seu "espaço pessoal", aquele considerado por cientistas à décadas como sendo aquele em que você pode alcançar ou agarrar o pescoço alheio extendendo seus braços?
Trocamos as ervas pelo álcool gel... Não mais são chagas, as manchas escuras na pele. Agora é a falta de ar e... E ai daquele que ousar espirrar ou tossir na rua! Tente não engasgar com o suco, com o café ou com a própria saliva, pois o medo, em maior ou menor grau, está no ar, e não há máscara ou erva aromática que o contenha!
O medo... Ah o medo! Este continua o mesmo.
Uns tem mais, outros tem menos. Uns negam a existência do próprio vírus, outros acreditam que é castigo divino. Como acreditavam as pessoas em 1348, no período conhecido por "Baixa Idade Média".
Tulipas não mais temos, mas sobraram as tais bitcoins e no que mais possamos ver valor. Formando quem sabe mais uma bolha financeira, como ocorreu na era da "tulipomania", onde um único bulbo da planta valia tanto ou mais dinheiro do que um imóvel.
E Biden... Biden faz o quê?
Pobre Biden! Tem de escolher entre a liberdade e o medo.
Força Biden! E sabedoria em sua decisão! Que Deus lhe ilumine e guie.
Porque a gente... Olha... A gente só quer esquecer tudo isso andando de moto pela Route 66...
texto de Flávio Diehl
Diretor Presidente da A&K Motorcycle Rentals