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O post de hoje merece especial atenção dos leitores. Não que os anteriores não o merecessem, mas, em grau de importância, tenho que talvez este seja a razão deste blog existir. Claro que se meus leitores irão gostar o que pretendo que compreendam, já é outra história.
A idéia deste surgiu em razão de ponto em grupo de discussão da internet. Lá, debatia-se o fato de que muitas vezes um ou mais familiares não gostavam que seus maridos/filhos/netos/sobrinhos/etc. andassem de moto, chegando por vezes a ameaçá-los fisicamente e/ou tentarem dissuadir o motociclista de uma viagem mediante o que podemos chamar de violência psicológica. E não achem engraçado, pois mais do que provado que tais "brigas" podem levar um ou ambos contendores à chamada somatização com resultado em uma doença grave ou mortal (como formas específicas de câncer, tumores cerebrais, etc.), mental (demência, esquisofrenia, estresse, t.o.c. ou outros transtornos) e/ou ainda, no caso de cônjuges, à separação. O que, infelizmente, é bem menos raro do que se pode imaginar.
Quem acompanha nossos posts a mais tempo, deve lembrar que já escrevemos sobre outro assunto relevante, que ora puxa este: o medo. Uma das passagens daquele texto que tenho por mais importantes é esta:
"Porém há um setor onde o medo tem falhado de modo infame: ele não
venderá jamais sua liberdade. Porque isso é uma coisa que depende
exclusivamente de você e de sua maneira de ver o mundo. O contrário do medo, embora muitos tenham esquecido, não é a segurança.
O contrário do medo é a CORAGEM!"
Além disso, não sei vocês acreditam, mas eu tenho que tudo que não se quer não deve ser dito nem por você e nem por aqueles que você mais ama.
Deixem eu lhes contar uma coisa...
Eu e minha esposa somos simplesmente apaixonados, embora casados à quase 10
anos. Volta e meia eu a vejo como se estivesse vendo-a pela primeira vez. E isso é a mais pura verdade, muito embora talvez ela nem saiba. Quando a conheci ela também andava de moto. Claro que aqui muitos dirão portanto que sou apenas um cara de sorte e que, em meu lugar, não teriam tantos problemas, brigas e reclamações. Ok. Sou sim um cara de sorte por ter a encontrado, mas esse não é o ponto da nossa discussão. Indo ao que interessa, há algumas semanas atrás, por conta de minha teimosia, ela sentenciou: "Desse jeito você vai
acabar perdendo tal coisa!". Êitá boca santa! Ou maldita? Que engraçado!
Não é que eu perdi mesmo? E não demorou! Desatenção? Eu estava
"influenciado"? "Vidência"? O tal de inacreditável "sexto sentido" que muitas mulheres tem? Vá saber!
Claro que quando andamos de moto o risco é enorme. Ninguém pode isso negar. Mas
o que a família muitas vezes não compreende é que o risco se torna muito menor numa viagem do que quando andando dentro da cidade! E não é raro os familiares "complicarem" só quando você vai viajar, como se fosse isso - e não rodar no trânsito maluco das metrópoles - que poderá tirar a sua vida.
Vão as questões:- Você anda de moto dentro da cidade?
- Como sua esposa encara isso?
Ao fim e ao cabo, você tem de convencer a sua esposa de uma coisa só: que a ama
incondicionalmente (mas você tem de procurar em seu coração se isso é realmente
verdade ou se você está só enganando a si mesmo) e, aconteça o que acontecer,
você estará sempre ao lado dela.
Quanto a moto, faça-a compreender, numa conversa leve, numa noite mais
romântica em que a "cria" dorme na avó, na tia ou sei lá onde, que a
moto faz parte de uma de suas paixões, de sua vida, sua terapia.
Leve-a a encontros (se ela dirige, vai de carro lhe seguindo ou você a segue!),
faça suas viagens (tipo 50% delas!) com ela, em férias de vocês dois e
escolares dos pequenos, enfim, apresente esse "SEU MUNDO" para ela.
Tenho que quando se casa, não se tem mais "mundo particular". Ou você compreende isso, ou... É aquela história bíblica que o padre fala: "O homem deixará a sua família e se unirá a sua esposa para juntos formarem um..."
Mas...
No final - e esperamos que não seja andando de moto e/ou não antes de beirando
idade e mais ou menos uns 100 anos no mínimo, e claro que preferencialmente para mais - faça-a compreender e provavelmente chorar ouvindo você dizer isso (escolha por fazê-lo depois de uma garrafa de bom vinho) mas
o certo é que a gente normalmente "acaba" de um jeito ou de outro partindo sozinho. Ou se separam (pior hipótese)
por "incompatibilidade de gênios" (eu diria de gostos e sonhos...) ou
vai um primeiro e o outro depois ou na ordem contrária (hipótese intermediária, entre a pior e a
melhor). Nem que o amor seja tão grande que faça com que isso seja apenas uma
questão de horas, minutos ou quiçá, com mais sorte ainda quase juntos.
Aqui a melhor hipótese, romântica ao extremo: um acorda, vê o parceiro de
décadas já "passado ao outro plano", e morre de um ataque cardíaco
ocasionado pela grande dor no peito, na mente. Sim. Isso é de uma probabilidade
muito grande quando os dois, já velhinhos, ainda se amam. Vá lá que isso nos
dias atuais é raro, mas acredite que é muito menos raro que os dois morrerem
juntos, velhos e tragicamente, tipo lua-de-mel em comemoração aos 60 anos de
casado e o avião cai... De 200 sobrevivem 10 e não encontram seus restos
mortais, embora encontrem de todo resto da tripulação e passageiros! Uauhhhh!
Sempre digo a minha esposa que para mim esta seria a morte perfeira!!! Porque irá deixar a dúvida no ar se vocês não sobreviveram... E os familiares ainda vão ficar se perguntando se os avós aventureiros e doidos um dia irão voltar. Pronto! Vocês se tornarão fantasmas - e mitos - para todo sempre! Uauhhhhh!
Shoooowwwwww!!!
Enfim...
Creia: se quando for partir para mais uma aventura de moto ouvir algo do tipo "...quando sais de moto eu não espero que você volte.", isso pode ter muito maiores
significados do que simplesmente a literalidade da frase... O medo de que você NÃO volte nem sempre é exatamente somente o medo que você morra como poderias imaginar, mas sim um medo muito maior de que aquele seu "antigo eu" que agora parte pelas estradas, com quem ela já se acostumara, morra somente para ela, pois isso poderia doer bem mais do que sua morte física. Até porque aquele antigo você, de uns minutos atrás quando começaste a ler
este, aquele você que partiu para mais uma viagem nunca volta, já morreu no passado. Sempre voltarás outro, dias mais velho, mais experiente, mais
tranquilo, sabendo o que realmente importa na vida, o que quer, etc.
Então faça-a compreender esse seu mundo "estranho", essa sua transformação. Apresente seu novo eu a ela.
Deixe-a se apaixonar por este cara novo, mais uma vez. Leve-a junto de vez em quando. De vez em quando deixe-a optar e escolher para onde ir, COMO
viajar (não... Você não precisa ir SEMPRE de moto! Andar de carro, ônibus ou
avião de vez em quando, acredite, não mata e nem lhe faz pior piloto!) e quanto viajar.
Se for sempre e invariavelmente do seu jeito, então não há "doação", não há "unidade".
Quando isso acontece você tem que se perguntar o que raios afinal está fazendo junto a ela. Não! O
fato de vocês terem um filho em comum não pode lhe acovardar, pois se isso acontece
vocês estão perdendo tempo e o pouco que lhes resta de sua
"juventude" e beleza que os anos tiram diante dos olhos
"alheios", quem sabe, finalmente, olhos que lhe compreenderão toda vez que você partir e mudar. Porque não? E isso
vale para os dois!!! Até porque o que os pais mais desejam, embora com dor egoísta no
coração, é que seus filhos um dia saiam de casa, encontrem uma boa esposa/o
e sigam suas própias vidas, andando também eles de moto ou não, conforme o que eles, e não o outro, desejarem. Sim... Esses "bichinhos" crescem e mais
breve do que você pode imaginar serão só vocês dois novamente. Novamente apenas marido e esposa, sem muito mais com quem se preocupar que não um com o outro, seu dia-a-dia, as rabugisses e viagens à dois. Uma lua-de-mel ou de fel. Você é quem escolhe.
Agora... Se é junto desta mulher, dessa futura velhinha, que queres viver o resto da sua vida, por mais que você acredite que ela tenha - como qualquer ser humano! - seus defeitos, procure ver sempre e principalmente as qualidades dela
(Sim! Aquelas mesmas que fizeram com que você resolvesse casar com essa
criatura e outras mais que com os anos você descobriu!) e deixe-a saber
novamente todos os seus incontáveis motivos para sempre querer voltar o mais rápido possível, ainda que um pouco diferente, até quando Deus (ou o
universo, Buda, os acontecimentos ou seja lá em que vocês acreditam) lhe
permitir.
E, se isso tudo que escrevi lhe parecer exatamente a sua "verdade verdadeira" resuma tudo isso naquelas duas palavras
- onde uma tem duas letras, a outra três, e normalmente andam juntas - que
ela precisa ouvir as quais talvez você, por muitos motivos que não tem tanta importância quanto você pensa, não tenha dito
ultimamente.
Ou isso ou...
Lembre-se: pela sua moto você deveria ser um eterno apaixonado... A sua esposa, seus filhos, sua família, você deveria apenas amar. Eternamente.
Pense nisto e...
Boa viagem!
Crédito das fotos:
1a. - site de Ricardo Chagas
2a., 3a. e 4a. - fotos tiradas por A&K Motos
5a. - google images
Adv! Há controvérsias. Claro que em um relacionamento há os que acreditam que encontraram a alma gêmea e, a partir daí, se "fundem" e passam a ser um só corpo, do qual não haveria vida senão "juntos".
ResponderExcluirPor outro lado, já com algumas décadas de relacionamento contínuo, sou daqueles que acham que os opostos se atraem. Cada um com seus hobbies e... se a mulher não gosta de moto... e deixa o cara curtir... melhor ainda... um sopro de liberdade dentro do relacionamento. Assim, para se conviver e amar não é preciso estar sempre junto, isso daí não é a pessoa amada, é uma chata, "de galocha"!.
Concordo, Ramon! Mas ninguém falou de obrigatoriamente estar sempre junto! Muito pelo contrário! O negócio é cada um respeitar a decisão do outro, e não torrar a paciência quando o um sai de moto. Graças à Deus não é nosso caso! E que continue assim para todo sempre! Amém!!!
ExcluirMuito interessante esse Post. Estou passando por isso mas com minha mãe. Ela disse que, se comprar a moto, é estar comprando o caixão dela também. A pressão está grande...
ResponderExcluirRicardo;
ExcluirIsso é natural. Meus pais diziam o mesmo! Conclusão: comprei a moto e só ficaram sabendo um ano depois, quando a paixão já tinha tomado conta de mim e era "tarde demais", fosse qual fosse o protesto ou "cantagem emocional".
Mas na vida você tem às vezes de decidir sobre a SUA morte ou a SUA VIDA! Acredite... Mãe alguma morre por "desgosto". Sei do que estou falando... A minha não morreu!
O que as mães mais querem na vida é ver o filho feliz, e só! Se a moto vai lhe fazer realmente feliz...
Mas pense se a moto não é só uma "fuga", uma "desculpa"? Será um rompante de rebeldia? Será para "cortar o cordão umbilical"? Ou só porque vc acha "legal", pensa que é econômico, ágil, etc.? Pense primeiro o que é realmente importante para você. É fazer sua mãe feliz ou ser você feliz? Não podemos decidir pela felicidade ou infelicidade dos outros. Isto está dentro de cada um, do jeito que cada um enxerga as coisas.
Não adianta viver quando se está morto. Motos são muito mais do que simples motos... Se você vê uma moto como uma moto, pura e simplesmente, desista desde já. Moto é MUITO perigoso!!! Agora... Se moto for realmente sua paixão na vida, corra atrás, mas plenamente consciente de todos os riscos envolvidos.
Sim! Sua mãe tem razão! Repito o que eu citei acima e o que ela já lhe disse um milhão de vezes: moto é perigoso sim, e muito! Sua cabeça é o pára-choques, blá, blá, blá... Além de termos de nos cuidar para não bobear, temos de constantemente fugir da "bobeira" (ou barbeiragem) de outros.
Moto só vale à pena quando é questão de paixão, algo que vc não consegue se livrar. Se pilotar motos for seu sonho de vida, enfrente o que tem de ser enfrentado.
O importante na vida é realizarmos nossos sonhos. O mais triste, sempre, é olharmos para trás e vermos que nem sequer tentamos, não corremos atrás de nosso sonho. E o problema é que na maioria das vezes se olha para trás tarde demais... Não espere ser tarde! Decida-se e faça o que tem de ser feito. Você é o dono da sua vida. Assuma a responsabilidade por ela, independente do que vier a acontecer.
Para tudo que fazemos, há uma resposta da vida. Às vezes boa, às vezes ruim. Porém, sempre é ruim quando não nos posicionamos.
Não é de forma alguma uma decisão fácil. A moto vai, de um jeito ou de outro, para o bem ou para o mal, mudar a tua vida e a forma de vê-la. Depois de você subir numa moto, não será mais o mesmo. É isso o que você realmente quer? Pense bem. Só tens uma chance agora.
Pois tua decisão jamais terá volta...
Abraços;
Adv
ADV, Vc se superou nesse post, ótimo! Meus Parabéns...
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