Fazer a pergunta acima, o que a KTM tem que as
demais motos não tem, pode ser questão cruel ou quase uma ofensa entre os
admiradores da marca. Aliás, este já é um ponto chave da questão: quem tem uma
KTM normalmente mostra-se tão apaixonado que não mais lhe importa a existência
de outras marcas “concorrentes”. Para KTManíacos a mesma simplesmente não
tem concorrentes à altura, pelo que uma KTM não pode ser comparada a nenhuma
outra moto.
Certo é que a KTM não é moto indicada para
qualquer motociclista. É preciso, antes de mais nada, “amar a terra” já que é
em tal terreno que ela se destaca. Se você pretende andar somente no asfalto,
então talvez não lhe valha a pena manter uma moto destas.
Neste post vamos tecer alguns comentários sobre
as KTM’s, especialmente as “big trail’s” que como os leitores assíduos já devem
ter notado é a predileção de estilo de moto do que lhes escreve este blog.
Falando então nas motos da marca, de saída já se
observa um “pecado”. Ou você opta por motos grandes para viajar ou praticamente
não lhe sobra opção. Colocar, por exemplo, uma SM (super motard) no rol de
estradeiras, não é a melhor solução. Fato é que a KTM não investe mais em motos
médias, ao contrário do que outrora ocorria, quando havia a 640 ST Adventure, moto ainda muito
cultuada – apesar de há muito fora de linha – pelos admiradores da marca. Com
isso acaba perdendo terreno para outras marcas, em território que poderia
também facilmente liderar. Entre 600 e 900 cilindradas, nada há além de uma grande
lacuna. Abaixo desta cilindrada, nenhuma outra da marca se mostra apta a
encarar longas distâncias sem muito cansar o piloto, pois lógico que você pode
optar por uma atual 690 Enduro R, mas vai sofrer um bocado com um banco prá lá
de estreito e um minúsculo tanque de míseros 12 litros, incapaz de lhe
levar a distâncias maiores do que 250 ou 300km, se tiver a mão muito leve, sem
ter de abastecer...
Contudo, mesmo a 690 Enduro R, impressiona e
muito! Para começo de conversa estamos falando de uma moto com 690 cilindradas
que lhe entrega quase 70 HP’s (a ficha fala em 66), o que para uma moto de
apenas 138,5kg é muita coisa. Aliás, é um absurdo, assim como o curso de
enormes 250mm das suas acertadas suspensões. Os freios de discos e pistões
duplos na frente e simples atrás, são mais do que suficientes para parar a
bichana, faltando apenas um ABS para ficar perfeita. Claro que os amantes da
marca saltarão em defesa argüindo que seria uma heresia falar em ABS numa moto
que foi concebida para andar na terra, onde as derrapagens e bloqueios de rodas
são não só necessárias como primordiais para uma pilotagem decente. Na cidade,
embora ali não se sinta tão confortável quanto em seu habitat natural, é capaz
de fazer miséria. Subir o meio fio à “atropelar velhinhas desavisadas” – como
diz amigo meu – é brincadeira de criança e coisa que a grande roda aro 21 tira
de letra. Óbvio que com algumas modificações e se você não se importa com a
vibração intensa de um motor monocilíndrico socando ininterruptamente (eu
particularmente para longas viagens não consigo conceber nada com menos de 2
cilindros, pois já empreendi aventuras com monos e foi um martírio), pode ser
uma ótima opção para a estrada, pois a moto certamente lhe levará com segurança
– e fará você voltar, o que é o mais importante – a qualquer lugar do planeta.
Já os que gostam de mais conforto, tem o
privilégio (discutível) de maior porte e não abrem mão de uma autonomia
razoável, encontrarão na 1190 Adventure uma excelente companheira de viagem,
desde que, é claro, não se importem com o fato da "standart" não contar com ABS,
lembrando sempre que em uma
KTM o que é supérfluo para alguns, é luxo para outros. De
cara se vê que a Adventure é capaz de não amedrontar os pilotos mais baixinhos
e temerosos, pois a altura de seu banco dista há apenas 860mm do solo (ao
contrário de outros modelos onde se tem por vezes mais de 910mm de altura
deste). Com um peso de 212 à seco – o que é bem pouco para uma moto deste porte
– entrega quase 150HP’s, uma verdadeira patada. Os amortecedores tem curso de
confortáveis 190mm e o tanque de 23 litros já é capaz de lhe transportar por
mais de 400km sem a necessidade de paradas de abastecimento. Na versão R ela
ganha protetores de motor e ABS Combinado, que pode ser desligado para melhor desempenho em estradas de terra. O curso das suspensões aumenta para
210mm à frente e 220mm atrás, mostrando que ela vem mais apta a encarar a
terra. Tudo muito bom, desde que tivéssemos essa moto disponível no Brasil. Por hora, este mês o modelo novo aportou nos "dealers" europeus. Pelo ritmo que as coisas normalmente andam atualmente, deve chegar por aqui lá para o final do ano, com sorte. Claro que a importação direta, através dos inúmeros importadores espalhados pelo Brasil, é sempre uma alternativa, ainda mais para aqueles que buscam exclusividade. Cuidado porém para escolher um importador de confiança.
Porém, se é terra o que você realmente quer, é
piloto experiente e sabe o valor que uma grande roda frontal com 21 polegadas tem para
o off-road, e não está nem um pouco a fim de esperar, então a 990 Adventure ou Adventure R, é a sua moto. A diferença de
uma para a outra é basicamente o ABS que volta sempre nas R’s e inexiste nas
standart’s, sendo que estas também perdem o sempre bem vindo protetor de motor. O cockpit de ambas é bem arranjado
e completo, com boa proteção aerodinâmica proporcionada pela sua bolha frontal.
O tanque não é tão grande quanto o da 1190, contando com 19,5 litros, mas
considerando que o consumo da mesma é um pouco menor por conta da sua menor
cilindrada, a autonomia das 990 é bem próxima com o das suas irmãs. O motor se
mostra um pouco mais calmo, com “apenas” 115HP’s, o que é mais do que
suficiente se levarmos em consideração seus 207kg (nas 1190 são 10kg a mais).
É preciso lembrar, contudo, que uma roda maior à
frente resulta em menor estabilidade na estrada asfaltada, e por conta disso a
KTM defende que seu atual modelo 1190 calçada com uma roda de 18 polegadas em nada
muda a capacidade dela de encarar o off road, com a vantagem que deixa a viagem
em rodovias bem mais confortável. Questão muito discutível na qual eu
particularmente me recuso a acreditar, pois penso impossível uma roda menor ter
o mesmo rendimento e capacidade de transpor obstáculos do que uma maior. E foi
justo neste ponto que houve muito “ranger de dentes” quando a KTM apresentou
seu novo modelo. Não era o que seu público estava esperando, e não duvidamos
que em um futuro breve retorne ao aro 21 ou, no mínimo, disponibilize kit para
a transformação. Claro que não é preciso ser nenhum gênio para se concluir que
tal mudança foi para privilegiar a baixa altura do banco sem ter de mexer no
restante da moto. Não dá para dizer exatamente que a KTM errou, pois se vamos
fazer um levantamento, se observa que existe um número muito maior de pilotos
com estatura mediana do que os que ultrapassam os 185 cm. Principalmente no
Brasil.
Enfim, a KTM é moto para ninguém colocar defeito.
Moto para amar ou para odiar, jamais ficar indiferente. Sem dúvida uma moto
para pilotos experientes.
E você? Vai de KTM ou vai ficar com a “concorrente”?
Até breve!
Crédito das fotos:
1, 4, 5 e 6 - www.autoevolution.com
2 e 3 - www.advrider.com
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