http://aekmotoadventures.blogspot.com.br/2012/05/longas-viagens-de-moto-voce-esta-pronto.html
Hoje, falaremos sobre o que carregar em termos de medicamentos, documentos, ferramentas e peças sobressalentes.
Medicamentos e kits de primeiros socorros
Pode parecer meio óbvio, mas muitos esquecem de medicamentos básicos e tem de dar meia volta... Nada bom ter de retornar em casa após partir para uma longa viagem, abrir a casa novamente e pegar lá o maldito vidrinho, ainda que você tenha ido só até a esquina. Isso invariavelmente costuma trazer a sequência de pensamentos do tipo "Mas será que eu não estou esquecendo de mais alguma coisa?" e outros que nada de bom trazem para quem começa uma grande motoaventura.
Mas o que são "medicamentos básicos"? Em síntese apertada, são todos aqueles que teoricamente não podem faltar (claro, não vamos considerar hipocondríacos!).
Primeiramente, nada mais básico do que aquele que você está tomando, por conta de tratamento temporário ou permanente. Assim, se é diabético, tem de levar o kit de medição, seringas e insulina ou se, por exemplo, está fazendo um tratamento com antibiótico, deve levar a dose necessária até o fim do mesmo.
Depois disso, vá para a velha xurumela de paracetamol, bandaid, antisséptico (em spray, ideal para cortes superficiais, raladuras, etc), um par de luvas cirúrgicas, ataduras, esparadrapo, alguns cotonetes e sobretudo cola do tipo "super bonder" (cianoacrilato).
Quanto aos paracetamóis e outros, você pode retirá-los do "blister" ou frasco e colocar em saquinhos tipo ziploc pequenos, escrevendo com canetas para plástico (aquelas de marcar CDs e DVDs), do que se tratam.
Bem... Mas você ainda deve estar intrigado com a "super bonder", certo? O que isso tem a ver com primeiros socorros?
Em principio, você não vai, pois este é só para emergências mais graves, tipo cortes feios que estejam sangrando muito.
Se você se acidentou no meio do nada, se cortou em uma cerca de arame farpado, por exemplo, e tem corte que começa a sangrar bastante, dificilmente um esparadrapo "colará" uma parte na outra (juntará a pele) a fim de estancar o sangramento. Mas acredite, a super bonder pode lhe tirar do aperto... Óbvio que não é o melhor dos mundos (depois de ter dito isso, já sei que terei um monte de médicos inimigos!), e deve ser considerado como uma das últimas alternativas, sendo a melhor, é claro, procurar um posto de saúde, hospital ou o que o valha para avaliar se é caso de pontos, etc... Mas vá dizer isso para quem está no meio de uma ruta austral por exemplo, perdendo sangue em bicas.
Esse tipo de cola, em tese não causa maiores males para o corpo, como intoxicação, alergias, etc. Claro que não é nada recomendável que entre na sua corrente sanguínea, pelo que deve ser aplicado apenas SUPERFICIALMENTE e com extremo cuidado (até para não colar os dedos junto!), e como já falado, apenas como última alternativa (digamos, caso de vida ou morte). O que deve ser feito é a colagem apenas da PELE, não de veias ou similares.
Outra boa dica são repelentes e filtro solares de fator 50 ou mais não só no verão, mas EM QUALQUER ÉPOCA DO ANO para as partes expostas, como rosto (por baixo da viseira, queima prá caramba! Acredite!), a fim de que você não fique "mascarado", e também nuca. E não se engane achando que porque está nublado você não irá se queimar...
Quase todo o mais em termos de medicamento é desnecessário, pois você pode adquirir no caminho - caso precise - em uma farmácia. O mundo anda mais civilizado, e é bem difícil você ficar rodando muito tempo longe de uma farmácia qualquer. Se você acha que pode precisar de medicamentos mais "sérios", então talvez você precise de um médico - ou psicólogo - é agora, antes de partir. Pare com a mania hipocondríaca de achar que tem de carregar de tudo em termos de medicamento, já que "pode" dar dor de barriga, alergia, etc.
Poder, pode tudo. Basta você querer e se expor. Não vire uma farmácia ambulante! Lembre-se sempre que isso é uma viagem de aventura, não excursão de clínica geriátrica!
Documentos
Se há uma parte complicada - ou chata mesmo - em termos de viagens de moto, essa parte se chama documentação. Complicada por conta da burocracia e talvez porque seja pura e simplesmente chata prá caramba. Todo mundo que viaja de moto, sonha com o filme "easy rider", onde o mocinho arranca o relógio e atira-o ao chão, como para demonstrar que não terá mais compromissos...
Você pode até não ter com horários (ledo engano, pois não tarda você descobrir que fronteiras normalmente tem horários de funcionamento, fora dos quais você não passa e ponto final!), mas documentos, vai ter de ter!
Para viagens dentro do cone sul, em geral a exigência de documentação é bem menor. Você tendo passaporte, carteira de identidade, documentos da moto, carteira de motorista, "carta verde" e "soat", mais carteira de vacinação (Perú e Bolívia exigem vacinação para Febre Amarela), está a meio caminho andado de não ter problemas...
O grande problema começa, porém, já quando você pretende viajar mais de 30 dias, porque a carta verde, por exemplo, só é válida por um máximo de 30 dias!
Inicialmente, diga-se que a carta verde nada mais é que um seguro válido contra (ou para) terceiros por danos materias e pessoais dentro dos países do Mercosul, embora algumas seguradoras insistam que não tem validade no Chile, por não constar no formulário. Faça-os colocar também Chile, se pretende viajar por lá. É chamada de "carta verde" por geralmente ser lavrada em papel da cor verde!
Se você fica mais de 30 dias fora, uma alternativa é você solicitar através de alguém que tenha ficado em sua cidade nova carta verde. Ocorre que geralmente lhe pedirão para apresentar o CRLV da moto. Uma cópia autenticada do mesmo pode resolver o problema. Mas mais fácil do que isso é se a sua seguradora tiver condições de expedir a mesma para você. Caso contrário, você pode recorrer a uma agência do Banco do Brasil através do seu procurador/pessoa que ficou aqui no Brasil.
Problema maior parece existir quando a moto não está em seu nome. Nestes casos você precisa de uma autorização do proprietário do veículo, lembrando que em casos de financiamentos, o proprietário é a instituição financeira.
Há os que entendam que para tal documento valer, você precisa porém autenticar tal documento no consulado que represente o país que visitará e outros, ainda, que sustentam ter de haver carimbo do Itamarati! Essa última prática, me parece cautela demasiada. O carimbo na embaixada, porém, nem tanto. Cautela demais, nunca é excesso... Então, precavenha-se para não ter de dar meia volta - se a moto não é sua - quando chegar na fronteira. Ter todos os documentos em mãos, além do mais, deixa o serviço sujo dos achacadores de fronteiras bem mais trabalhoso, e a probabilidade de quererem lhe cobrar algum "por fora" fica bem menor quanto mais documentos você tiver.
Nesse sentido, ainda que não seja necessário, mal não fará se você tiver uma carteira de habilitação internacional ou permissão internacional para dirigir (PID). Vá a um CFC de sua cidade e veja como é fácil e relativamente barato tirar a mesma.
Se você fica mais de 30 dias fora, uma alternativa é você solicitar através de alguém que tenha ficado em sua cidade nova carta verde. Ocorre que geralmente lhe pedirão para apresentar o CRLV da moto. Uma cópia autenticada do mesmo pode resolver o problema. Mas mais fácil do que isso é se a sua seguradora tiver condições de expedir a mesma para você. Caso contrário, você pode recorrer a uma agência do Banco do Brasil através do seu procurador/pessoa que ficou aqui no Brasil.
Problema maior parece existir quando a moto não está em seu nome. Nestes casos você precisa de uma autorização do proprietário do veículo, lembrando que em casos de financiamentos, o proprietário é a instituição financeira.
Há os que entendam que para tal documento valer, você precisa porém autenticar tal documento no consulado que represente o país que visitará e outros, ainda, que sustentam ter de haver carimbo do Itamarati! Essa última prática, me parece cautela demasiada. O carimbo na embaixada, porém, nem tanto. Cautela demais, nunca é excesso... Então, precavenha-se para não ter de dar meia volta - se a moto não é sua - quando chegar na fronteira. Ter todos os documentos em mãos, além do mais, deixa o serviço sujo dos achacadores de fronteiras bem mais trabalhoso, e a probabilidade de quererem lhe cobrar algum "por fora" fica bem menor quanto mais documentos você tiver.
Nesse sentido, ainda que não seja necessário, mal não fará se você tiver uma carteira de habilitação internacional ou permissão internacional para dirigir (PID). Vá a um CFC de sua cidade e veja como é fácil e relativamente barato tirar a mesma.
Ferramentas
Um erro muito comum é carregar uma quantidade absurda de ferramentas, como se você fosse desmontar o motor inteiro da moto. A probabilidade de isso vir a acontecer é próxima a zero, até mesmo porque as motos mais modernas, com toda sua parafernália eletrônica embarcada, simplesmente proibirão tal prática, já que, uma vez desmontada, você não conseguirá fazê-la novamente funcionar sem o auxílio de um computador. Assim, para consertos mais "graves" de tais motos, invariavelmente você terá de recorrer à concessionária.
Contudo, existem algumas ferramentas básicas que você pode e deve levar. Entre elas estão um pequeno alicate de pressão, muito útil para servir de pedal de câmbio ou freio (no caso de queda e quebra de um deles) ou ainda como manete, caso algum cabo venha a arrebentar-se (nas hidráulicas a solução não é válida).
As ferramentas originais que acompanham a moto, são itens integrantes da mesma, e precisam seguir sempre com ela. Verifique, porém, se você dispõe entre as mesmas as chaves necessárias para retirar a roda, tanto traseira quanto dianteira, já que cada vez o kit de ferramentas das motos vem com menos itens. Se não contar com tais ferramentas, adquira as mesmas. Uma chave de fenda média, assim como uma philips, não fazem mal algum e ocupam pouco espaço. Outra boa dica são as "multi tools", que geralmente contam com alicate, saca rolhas, abridor de garrafas, chaves philips e de fenda, além de lâmina tipo de canivete.
Ainda duas "espátulas" para retirar a roda do pneu são itens bastante úteis a serem carregados em uma longa viagem de moto. Não se surpreenda se você tiver de trocar um pneu ou consertar a câmara de ar da moto. Esteja preparado para tanto. Nesse ponto, uma pequena bomba manual também é bem vinda, embora existam outras opções como bombinhas com cilindro de CO2 (não são tão eficientes por conta do pequeno tamanho do reservatório) ou ainda pequenos compressores elétricos.
Outras ferramentas não são necessárias, pelas razões já explicitadas supra: se o problema for tão grande a ponto de necessitar de mais ferramental, então você vai precisar de uma oficina mecânica ou concessionária, invariavelmente.
Peças sobressalentes
Muito discutível a questão de peças sobressalentes. Quanto a estas, tenho mais do que suficiente um cabo de embreagem e um de freio (caso sua moto não seja hidráulica),mais um único do acelerador. Você não precisa de ambos, pois se arrebentar só o de retorno, não há grandes problemas e, se por outro lado só o de aceleração efetivamente se romper, na maioria das vezes você pode utilizar o cabo de retorno, invertendo-o para a função de acelerador.
Já vi gente carregar filtro de ar e de óleo, mas isso só se justifica em caso de motos que tenham tais peças restritas, como as BMW. Óbvio que é difícil encontrar um filtro de óleo de uma GS em lugar remoto e, é muito provável, em contrapartida, que você tenha de fazer a manutenção preventiva, trocando o óleo e filtro. Então, nestes casos, carregar um ou dois filtros de óleo, mal não fará. Idem quanto a um de ar, a ser utilizado mais em uma emergência (vai que seu filtro seja tomado de insetos!) do que em uma manutenção periódica. Tendo de trocar o de ar, não deixe de guardar o antigo, salvo se este estiver muito imprestável.
Há casos "extremos" em que o motoaventureiro chega a carregar o óleo (na maioria das vezes uns 3 litros) para a troca. Sinceramente, este é o tipo de excesso que não recomendo jamais. Igualmente tenho como desnecessário carregar cabo de velocímetro (outro item que muitos carregam), ainda mais com a atual disseminação de uso do GPS.
Velas e pastilhas de freio, por outro lado, podem ser carregadas, pois acupam pouco espaço e são itens da manutenção obrigatória que talvez você não encontre em qualquer lugar.
Por falar em óleo supramencionado, há um óleo que você não pode esquecer caso sua moto seja com corrente: o SAE 90. Claro que para isso também existem alternativas, como lubrificantes automáticos para motos com corrente tipo "scottoiler". Só não pense em utilizar graxa branca ou lubrificantes em aerosol. Estes produtos normalmente trazem mais prejuízos do que benefícios, o primeiro porque faz toda sujeira grudar na graxa, funcionando como esmeril para o elos, reduzindo drasticamente a vida útil da relação e o último por mais "lavar" o óleo existente na corrente do que propriamente lubrificá-lo. Sem contar, ainda, que este último geralmente não resiste à chuvas.
Bom...
Agora você tem um montão de tralha e um grande problema... Afinal, como e onde carregar tudo isso na moto?
Este será o tema central da parte 08!
Até lá!
Show de informações, como de costume !!! Obrigado.
ResponderExcluirParabéns estou adorando as leituras e dicas!!!!
ResponderExcluirObrigado pela disposição em colaborar com excelentes textos....
Muito bom mesmo.
ResponderExcluirÓtimas dicas. Valeu