Quando se fala em capacetes de moto, muitas dúvidas vêm a cabeça, num trocadilho direto. Afinal, o que estamos colocando em nossa cabeça, para proteger nosso bem maior: nosso cérebro? O preço importa? Quanto devo pagar? E o selo do INMETRO? Qual melhor capacete: de ABS, de fibra de vidro, de fibra carbono ou outro material?
Começando pela síntese da síntese, não use "coquinhos" jamais. Eles só ficam bem em artistas de cinema e seriados do tipo "Sons of Anarchy", bem como em futuros novos defuntos.
Vamos de saída combinar o seguinte: "coquinhos" não são capacetes, ok? Não protegem sua cabeça
de NADA vezes NADA e ponto final. Podem, pelo contrário, lhe causar até maiores traumatismos do que se estivesse sem capacete. Assim, a prática de muitas locadoras de moto em outros países que "emprestam" este "equipamento" soa como emprestar um "boné" para proteger sua cabeça do sol. E só. Se a dita locadora não tem capacetes homologados, então ela não tem. Leve o seu. Ou escolha outra locadora de motos. Pois de igual forma, quem aceita usar tal equipamento está assinando atestado de idiota, já que sentido algum - fora proteção solar, como falamos - tem o uso deste tipo de "capacete". Já tive? Já usei? Sim. Já. Mas foi-se o tempo que me achava invencível sobre uma moto. Cresci e tornei-me não só mais responsável, como menos ignorante.
PREÇO
Caminhando para a questão do preço, podemos dizer que vemos de tudo em termos de qualidade - e valores - dos capacetes. Temos desde capacetes valendo meros R$ 39,90 (ou menos!), o que não significa que valham tudo isso até R$ 3.990,00 (ou mais!), o que não significa que valham "só" isso. Deixa sempre a pergunta no ar: vale a pena pagar tão caro para um capacete?
E aí sempre entro com outra pergunta: quanto vale a sua cabeça? Se forem só R$ 39,90, compre um capacete deste valor... Claro que temos capacetes neste valor - acredite! - homologado pelo Inmetro. Como é uma grande questão que até hoje não me convence, pois já vi muita porcaria homologada. E quando digo porcaria, é do tipo que você vê a emenda do plástico que forma as duas metades de tais capacetes xumbregas, que não tem o mínimo de acabamento, com uma viseira pronta para voar pelos ares ou quebrar no meio e furar seu olho, ou ainda desmanchar completamente o capacete em uma queda, não salvando sua cabeça do impacto, dentre outros terríveis acidentes que se vê ocorrendo com motociclistas mesmo com uso de capacetes baratos que não deveriam nem estar no mercado!
Veja bem! Não estou afirmando que todo capacete barato é ruim, nem que todo capacete caro é sempre bom. Mas existe um mínimo de qualidade que você deve procurar, e capacetes a troco de banana tem de obrigatoriamente serem fabricados com material de segunda, ou não se consegue ter lucro na fabricação e venda. Simples assim!
Claro, o outro extremo, de capacetes caros, não quer dizer que um de altíssimo valor seja obrigatoriamente bom. Pode ser, mas pode se tornar "ruim" pelo simples fato de, por ter pago muito pelo capacete, você achar que deva usá-lo para todo sempre, esquecendo-se que todo capacete tem prazo de validade de uso.
Assim, o melhor sempre é adquirir um capacete de valor intermediário, até mesmo porque depois de certo tempo de uso todo capacete só tem um destino: a lata de lixo.
VALIDADE
Todo capacete tem "validade", sendo que esta varia sobretudo de acordo com o uso.
De pronto pode-se afirmar que, se você caiu com um capacete, ele já cumpriu sua função. Não presta mais e deve ir para o lixo.
Aquele capacete que você tem desde mil novecentos e bolinha pode servir no máximo para ficar na estante em seu "Museu do Capacete", relembrando seu primeiro protetor de cabeça, junto com aquela foto da lambretta Katia de "setenta-e-picos-brincava-de-playmobil".
Outros, que você comprou a "apenas" dois anos atrás e que usou dia-sim, dia-não, e que ainda aparenta estar novinho e sem nenhum arranhão, também devem ir para o mesmo lugar, ou então para a lata do lixo se você não tem intenção e tampouco lugar para guardar todos eles.
Radicalismo? Nada. Longe disso. Apenas fazendo sua cabeça ficar inteira.
Praticamente TODOS capacetes (e não conheço nenhum que seja diferente), são fabricados com a camada externa ou casco (que pode ser ABS = plástico, fibra de vidro, fibra carbono ou compostos), uma camada interna (de poliestireno expandido, ou, leia-se, isopor) e mais uma de tecido ou forro.
O fato da parte externa (casco) e interna (forro) estarem "impecáveis", acredite, não quer dizer absolutamente NADA! O que acontece é que uma das partes que amortece realmente o impacto - o isopor - tem sim data de validade. Pegue uma caixa de isopor antiga e tente quebrar. Agora pegue uma caixa de isopor nova... Notou a diferença? É como se partir pão velho e pão novo: um é completamente seco e quebradiço. Outro é macio e um pouco "borrachudo", não se esfarelando. Elementos como suor ou água (líquidos), calor (sol), frio intenso (inverno, noite) e outros, como o próprio AR farão justo isso com o isopor: o tornarão seco e quebradiço.
Assim, no uso intenso (diário), a troca deve se dar obrigatoriamente a cada ano, nas menos frequentes no máximo a cada dois anos e nas eventuais - viagens ou finais de semana - em no máximo três anos.
COR
Por incrível que pareça, afirmamos que a cor do capacete pode ser a diferença entre uma condução segura e uma perigosa... Como assim, você vai dizer? O que a cor tem a ver com segurança em um capacete?
Em verdade a cor do capacete tem muito a ver com sua segurança por mais de um fator.
Coloque em primeiro lugar a questão conforto... Naturalmente, cores que retém mais o calor, ou seja, não refletem a luz solar = predominantemente PRETOS, tendem a lhe deixar com mais calor, o que pode prejudicar a condução pois lhe fará suar mais e tornar a pilotagem perigosa, podendo inclusive lhe causar mal estar, lhe levando a um acidente. Além disso, quanto mais escuro for o capacete, menor é a sua visibilidade no trânsito pelos outros motoristas. E sabe-se que item fundamental de segurança no trânsito é você ver e principalmente SER VISTO!
Na A&K Motorcycle Rentals jamais oferecemos aos nossos clientes para uso durante as locações capacetes pretos! Todos são BRANCOS, outra cor que é facilmente visualizada no trânsito e que se destaca muito, além da verde limão, que pode ser cor discutível para alguns, mas um motorista jamais poderá dizer que não lhe viu se você estiver usando um capacete chamativo como este.
ABERTO, ESCAMOTEÁVEL ou FECHADO
Existe também grande discussão acerca do tipo de capacete a utilizar e da proteção que cada um oferece.
Neste sentido, jamais recomendo capacetes abertos, pois expõem totalmente o rosto do piloto em uma possível queda frontal. E não... Não é só o fato de que quebrar todos os dentes o nariz, maxilar e mais alguma coisa em seu lindo rostinho vai lhe deixar mais feio, mas sim o fato de que o sangramento em profusão do local provavelmente lhe fará aspirar sangue, e com isso ter uma terrível morte por afogamento. Fuja, dessa forma, de capacetes abertos.
Já quanto capacetes escamoteáveis, são de segurança relativa. Embora infinitamente melhores que capacetes abertos, podem ter riscos dos mesmos. A um porque por vezes, com sol e calor à pino, você pode ser tentado a rodar com ele rebatido, deixando sua cara novamente exposta em uma queda. A dois porque, por mais reforçado que seja o sistema de "dobradiça" do capacete escamoteável ele nunca se aproximará da segurança de um fechado. Em uma queda e pancada mais forte a parte "escamoteável" pode ser lançada fora e/ou simplesmente vir de encontro a seu rosto. Portanto, no caso de optar por escamoteáveis procure sempre de boa/ótima qualidade.
Capacetes fechados, nesse sentido, são os mais recomendáveis. Além de normalmente serem mais baratos que os escamoteáveis, são mais seguros do que estes e infinitamente mais seguros que abertos. Isto porque além de protegerem com eficiência sua cabeça, protegerão também todo seu rosto. Mas claro, sempre bom utilizar de boas marcas!
SELO DO INMETRO
Muito já se discutiu sobre obrigatoriedade ou não do selo do Inmetro em um capacete, a maioria alegando que capacetes importados melhores ou da mesma marca que nacionais (ex.: Shoei, Arai, AGV, etc.) tem selo DOT ou de outra certificadora, com testes e requisitos muito mais exigentes que do próprio Inmetro para serem aprovados.
Em primeiro lugar, o que você deve ter na cabeça - além do capacete - é que se a autoridade de trânsito resolver lhe parar e exigir selo do Inmetro no capacete, ela pode. E ponto final. Não tem discussão. Não perca seu tempo. A lei fala que seu capacete tem de ter o selo do Inmetro. Tem de ser certificado no país. E era isso. Qualquer coisa além disso é discussão. E discutir com autoridades não é a melhor coisa que você tem a fazer... Com o tempo você aprende isso!
Claro que é muito difícil um bom policial querer exigir tal selo em um capacete em boas condições e importado, como um Shoei, principalmente se você não está cometendo outras infrações, quando então a falta do selo pode ser apenas mais uma desculpa para lhe pegar ou até para apreender sua moto.
Outrossim, com todas as taxas e impostos, não passando nada pelo fisco, não vale mais a pena importar capacetes, ao menos que você o traga embaixo do braço em uma viagem. Daí que, pelo sim, pelo não, o melhor sempre é contar com o capacete com o maldito selo do Inmetro. Mas, óbvio, não é porque tem o selo que você vai sair comprando qualquer porcaria! Cuide e dê o devido valor para a sua cabeça, por favor!
TAMANHO, MEDIDAS, USO CORRETO
No que tange o tamanho do capacete, o melhor sempre é prová-lo. Se não puder, procure comprar do seu tamanho! Se não sabe seu tamanho, meça a circunferência de sua cabeça com uma fita métrica, procurando o número INFERIOR mais próximo. A exemplo, se sua cabeça mediu 59cm, procure por um 58.
Quando falamos em medidas, queremos explicar que da mesma forma que você não deve comprar um capacete muito apertado, não deve comprar um frouxo. Se entrou e saiu muito facilmente da cabeça, esqueça! Busque um número menor. Veja também que distância fica a sua boca e sobretudo seu nariz da parte interna do capacete. Acredite! Viajar com um capacete pressionando o nariz é prá matar!!! Claro, geralmente isso começa a acontecer quando seu capacete vai ficando folgado, ou seja, quando está na hora de substituí-lo.
Não é porque o capacete lhe aperta um pouco as bochechas - no caso de você ser bochechudo - que você tem de comprar um número maior! O que você tem de ver é se ele está confortável em volta do crânio principalmente. Se está apertando sua testa ou sua nuca, de igual maneira não quer dizer que este não seja o seu número. Talvez seja o caso de apenas mudar o modelo e manter o número, pois, lembramos novamente, nem todos capacetes tem a mesma qualidade. Não espere que um capacete barato e ruim vá vestir bem...
Quanto ao uso, só falar o que devia ser óbvio para todo motociclista: capacete é para ser usado NA CABEÇA, não é para utilizar como cotoveleira e nem como boné ou chapéu!
Não interessa se você está indo logo ali, pertinho, se já vai tirar o capacete, blá-blá-blá! Subiu na moto, seja para ir na esquina, seja para trazer da frente de casa para dentro da garagem, coloque o capacete! Não custa nada! Não vai estragar seu lindo penteado...
E colocar o capacete não é só enfiá-lo na cabeça, como se fosse um chapéu. Você sempre tem de afivelá-lo corretamente, pois a falta do afivelamento fatalmente vai fazer seu capacete voar para bem longe antes de você atingir o chão em uma queda. Ou seja, não vai servir para absolutamente nada! Portanto, mais uma vez, se você vai andar de moto, dê valor para a sua cabeça! Capacete é um item que você deve saber usar - e deve comprar - ANTES de comprar a moto inclusive, para não ter a desculpa esfarrapada depois que não pode investir em um bom capacete, já que gastou tudo com a moto.
Da mesma forma, pilote sempre com a viseira FECHADA ou, na pior das hipóteses com uma pequena fresta se estiver muito calor. Geralmente bons capacetes não exigem que você ande sequer com a viseira levemente aberta, pois tem bom arrefecimento. Jamais, porém, ande com a viseira aberta, pois - além de isso ser passível de pesada multa - um inseto que venha a bater no seu olho pode lhe cegar momentaneamente, lhe levando a grave acidente, ou até, dependendo do tamanho do mesmo ou da sua velocidade, lhe causar grandes traumas oculares e até mesmo cegueira. Isso sem falar em pedras, grãos e outros objetos que podem ser lançados por caminhões ou carros em movimento. Prá que arriscar?
CONCLUSÕES
Concluindo, dê valor à sua cabeça; não use caco-velhos; pague um valor razoável por um capacete; fuja dos coquinhos e capacetes abertos; dê preferência para cores chamativas ou claras; tenha um capacete com o selinho do Inmetro; troque frequentemente seu capacete; não use drogas e fundamentalmente USE SEMPRE o capacete!
Lembre-se que cabeça é só uma.
E você? Já trocou seu capacete?
Até breve!
Crédito das fotos:
02, 04, 05, 07, 08 e 09 Google Images
01, 06 e 10 A&K Motorcycle Rentals
Na A&K Motorcycle Rentals nos preocupamos com nossos clientes, e todas as locações de moto acompanham empréstimo sem custos extras de capacete fechado ou escamoteável para o piloto, sendo que temos todos os tamanhos disponíveis.
Para maiores informações, aluguéis e Tours contate-nos pelo e-mail aek@aekmotos.com
Blza Flavio!
ResponderExcluirParabéns por mais um post com resumo interessante sobre o tema capacete. Esse é um assunto muito discutido nos fóruns e mesmo em grupos de motociclistas e sempre pairam dúvidas.
Sua abordagem direta, seguramente ajuda a conscientizar a necessidade do uso correto do capacete. Só discordo em parte quanto ao prazo de validade, em razão da qualidade do capacete, face o material utilizado.
No mais, um fraterno abraço e parabéns pela iniciativa.