Já briguei feio - e quando digo feio, é feio mesmo, com ameaça de morte, inclusive - por conta de paixões quanto a marcas e modelos de motos.
Hoje considero isso uma grande bobagem! Coisa de criança até, eu diria...
Lembro que conhecido, há coisa de 10 anos, defendia que as Harleys era a melhor coisa que foi feita desde as pirâmides do Egito e época que meu pai não era nem nascido, enquanto eu, era adorador ferrenho das Suzuki's e suas altas cilindradas e velocidade.
"Velocidade não é nada!", dizia ele. "Não me adianta velocidade em cima de um monte de plástico que, além de se desmanchar, é coisa de modinha, ano que vem sua "jáspion" já não vale mais nada e a tecnologia dela vai estar ultrapassada... Jáspions que nem vocês ficam correndo alucinados e se perdem na primeira curva. Não chegam ao destino. De que adianta???".
É óbvio que eu não poderia entender o lado dele! É óbvio que ele não tinha nenhuma razão ou fundamento naquele monte de besteira que estava dizendo. E lá vinha eu com montes de pedras na mão, mirando com vigor todas as Harley's existentes no mundo dos vivos ou dos mortos, tentando calar-lhe a boca:
"Ah... Bom é Hargley, né? Ficar juntando as peças que caem no caminho dessa traquitana que vibra mais que liquidificador velho". E dava ênfase à sequência. "O que adianta, além de não ter velocidade, ficar com esse caco velho que vale só como relíquia? Isso é peso morto! Serve bem as peças para peso de papel. Moto de tiozinho, de véio...".
Horas e horas se passavam, argumentos mil, trazia correligionários para um lado (eu tinha bons argumentos, e ou era convincente, ou achavam bom não contrariar doido ou ainda queriam ver mesmo o "circo pegar fogo"...), saudosistas se atiravam pro outro lado, americano. Parecia uma verdadeira guerra fria. E foi aí que então a coisa começou a descambar para as agressões pessoais, ameaças veladas e depois claras. Comecei a andar de moto olhando para os lados, para o retrovisor, à frente e atrás. Tinha por vezes até a impressão de estar sendo seguido (e morando no Rio de Janeiro, me desculpem os cariocas, não duvido estar sendo mesmo, não por ninguém à mando, mas pela bandidagem de olho na minha moto e só) e aconteceu até de eu "deitar o cabelo" quando via piloto e garupa se aproximando de forma "esquisita". Talvez esse o lado bom da paranóia...
Depois mudei de moto, de marcas, me isolei um pouco. Comecei a andar em tudo que é tipo de moto que poderia, cheguei à conclusão que o mundo "custom" não mais me atraía, deixei o lado "jáspion" de lado - por onde tive passagem meteórica vendo que o conhecido tinha lá suas pontas de razão sobretudo quanto ao fator da tecnologia e velocidade que não leva longe sobre uma moto - amadureci, vi que discussões bobas não levam à lugar algum, sobretudo quando se trata de defender marcas, que, muitas vezes, não estão é nem aí pro consumidor, ainda mais brasileiro.
É claro que ainda tenho predileção por certas marcas e sobretudo modelos... Sonhos de consumo? Ainda presentes, é lógico! Neles uma BMW R80G/S.
A diferença é que atualmente eu gosto é de motos.
Mas que Harley Davidson prá mim só serve como peça prá peso de papel, isso é fato. He, he, he!!!
Quando se fala de motos, se fala de paixão. Jamais de razão...